sexta-feira, 8 de julho de 2011

Anemia Falciforme


ANEMIA FALCIFORME

 A) Hemácias Normais      B) Hemácias Falciformes


A anemia falciforme é uma doença hereditária. Onde por má formação genética as  hemácias ficam em forma de foice.   A manifestação se dá pois o filho herda um gene da doença de cada um dos pais. Caso herde apenas o gene de um dos pais, a criança é portadora do traço falciforme, podendo passá-lo adiante para seus filhos.Em situação normal, as hemácias têm vida média de 120 dias. Já os glóbulos vermelhos alterados só permanecem de 10 a 20 dias no sistema sangüíneo.
   A anemia falciforme provoca os mesmos sintomas da anemia comum, porém causa problemas resultantes do bloqueio do fluxo de sangue pelas hemácias alteradas em forma de foice.
SURGIMENTO
     Estudos demonstram que a Anemia Falciforme é uma hemoglobinopatia que surgiu como uma resposta da natureza para evitar que a malária destruísse a população da África. Para isso ocorreu uma alteração genética - Mutação, na informação que vem no gene (DNA). É produzida a hemoglobina S, em vez da hemoglobina A (o protozoário Plasmodium se multiplica, causando a destruição celular). Assim, quem tivesse na hemácia a hemoglobina S não seria infectado pela malária, diminuindo mortes consequentes da doença. Em virtude da imigração forçada, essa mutação se espalhou pelo mundo.
No Brasil, pelo fato de o país ter recebido uma grande população de escravos e por apresentar alto grau de mistura de raças, existem muitas pessoas portadoras da anemia falciforme, principalmente os
afrodescendentes.
 ž A prevalência é maior em indivíduos de origem africanos e afrodescendentes
  ž Na África Equatorial 40% da população é portadora
       ž É a doença hereditária mais prevalente no Brasil
ž É mais freqüente nas regiões sudeste e nordeste
ž Não apresenta relação com o sexo;
ž  Atinge, em média, um a cada cinco mil recém-nascidos

      ž No Brasil, nascem 3500 portadores da doença a cada ano.



    FALCIZAÇÃO
    • Mutação na cadeia 6 do 11º cromossoma



    • Ocorre uma troca do aminoácido ácido glutâmico por valina: mutação (troca de adenina por timina)GAG GTG no sexto códon.




    Estrutura Proteica



    RNA mensageiro codifica com mutação





    Ribossomo traduz as bases de RNA mutadas




    Formação da Globina Beta S, a causadora da Anemia Falciforme





    Os Dímeros de Globina Beta S se unem à Dímeros de Globina Alfa vindos do cromossomo 16


    Formam-se os Tetrâmeros de Globina Alfa/Beta S


    Hemoglobina S



    A hemoglobina S, é um tetrâmero de 4 cadeias globina, compreendendo 2 pares de cadeias similares. No adulto normal, a hemoglobina compõe-se de 96% HbA 3% HbA2 e 1% de hemoglobina fetal Hbf. A substituição da valina por glutamina na posição seis da cadeia ß produz a Hbs. No homozigoto toda a HbA é substituída por HbS, enquanto que no heterozigoto, somente cerca da metade é substituída, sendo então uma doença leve. Os homozigotos para HbS apresentam a forma completa da anemia falciforme, que afeta os glóbulos e tem sua manifestação inicial na infância.

    Ligação do Tetrâmero com o Ferro




    Através do Grupo Heme ocorre a ligação de cada monômero com o Ferro




    Forma-se então a HEMOGLOBINA S





    Com as moléculas prontas, o Oxigênio (O2) vem para se ligar à Hemoglobina S para oxigenar o organismo.







    MUDANÇA CONFORMACIONAL



    Na presença de pouco oxigênio, a
    hemoglobina sofre uma mudança
    conformacional e expõe valina, o que
    cria uma instabilidade termodinâmica
    que só se resolve com a polimerização
    da hemoglobina em longas fibras. Estas,
    por sua vez, precipitam-se no interior
    das hemácias, forçando-as a assumir o
    formato de foice.






    Ocorre a Falcização, pois a hemoglobina S se liga ao O2 mas não efetivamente, então como se disassocia do O2 deixa exposta a ligação DPG (enzima que diminui afinidade da hemoglobina pelo O2 e compete com o O2 pela ligação na hemácea) baixa os níveis de O2  no sangue, o que aumenta a probabilidade de falcizações que ocorrem com a baixa de oxigenação. 


    PROCESSO DE FALCIZAÇÃO



    Com o formato de Foice, as hemácias acabam sendo destruídas devido à estrutura dos Polímeros de Hemoglobinas, pois eles ficam como cristais e rompem a membrana da hemácea. Assim. pode ocorrer o acúmulo de Ferro no organismo (íon ferro está  presente em cada monômero de globina para que haja a ligação com o O2) causando a formação de Radicais Superóxidos e Hidroxil (Radicais Livres). Assim como o oxigênio não captado pelo organismo também pode acumular-se e causar o mesmo processo de formação de radicais livres. Os Radicais Livres são moléculas com um elétron desemparelhado que podem lesar tecidos devido à sua capacidade de "roubar" um elétron de outra estrutura, assim o Radical Livre é perigoso pois causa danos na estrutura tecidual de qualquer órgão.




    A membrana das hemoglobinas tem em sua composição ácidos graxos, com a formação dos radicais livres pelo Oxigênio há o rompimento dessa membrana, o que libera ácidos graxos que formam os Corpos de Heinz, estes se precipitam em direção à membrana alterando a banda 3 (estrutura proteica) e expondo a fosfatidilceina, que exposta é sinalizador para afagocitose das Hemáceas.












    COMPARAÇÃO ENTRE GLÓBULOS NORMAIS E GLÓBULOS FALCIFORMES

    FALCIFORME


    NORMAL


    Devido ao formato em foice, as hemácias não conseguem passar pelos vasos, causando a VASOCLUSÃO







    A Anemia Falciforme em um Ciclo



    A Anemia Falciforme é um ciclo pois com a Hipoxia (baixas concentrações de Oxigênio) ocorre a formação de polímeros da Hemoglobina S e consequentemente a rigidez da Hemácia, assim também ocorre a formação de corpos de Heinz, que se acumular no organismo causando destruição das hemácias e logo em seguida a possível formação de Radicais Livres. Devido ao formato de Foice rígida ocorre a vasoclusão e a síndrome torácica aguda, diminuindo as concentrações de Oxigênio e novamente a hipoxia, fechando o ciclo.


    COMPLICAÇÕES


    OS MACRÓFAGOS FAGOCITAM OS GLÓBULOS VERMELHOS FALCIFORMES CAUSANDO A ANEMIA. FAGOCITANDO, OCORRE A LIBERAÇÃO DE CITOCINAS QUE DIFUNDEM MICROCIRCULAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL EMITINDO SINALIZAÇÕES QUE CAUSAM :



    • Infecções frequentes devido à complicações no Baço
    • Inchaço de mãos e pés
    • Crises Falcêmicas: fortes devido à baixa oxigenação(costas,tórax,abdomen, mãos, pés,)e dor nos ossos por Isquemia aguda ou infarto da medula óssea.
    • Icterícia: pele e olhos amarelados
    • Fadiga e respiração curta.
    • Pele pálida e unhas esbranquiçadas.
    • Problemas Neurológicos: Esquêmico e Hemorrágico
    • Úlceras nos membros inferiores e priapismo
    • Problemas oculares
    • Diminuição do crescimento
    • Problemas renais, cardiovasculares e pulmonares.



    Periostite , inflamação na camada mais externa dos ossos, o Perióstio.


    TRATAMENTO 


    O único tratamento curativo para a anemia falciforme é o transplante de medula óssea. Este tratamento, no entanto, foi realizado em um número relativamente pequeno de pacientes ao redor do mundo, com maior taxa de sucesso entre crianças. Ainda é necessário um número maior de estudos e a determinação de características clínicas que permitam indicar o transplante com maior segurança. Alguns trabalhos experimentais tem sido feitos com terapia gênica.

    Do ponto de vista clínico, o uso de hidroxiuréia, um quimioterápico inibidor da ribonucleotidase vem se revelando útil, por diminuir o número de episódios dolorosos e síndrome torácica aguda. Esta medicação atua por diversos meios, aumentando hemoglobina fetal, diminuindo leucócitos e reticulócitos aderentes ao endotélio e elevando os níveis de óxido nítrico. O uso de hidroxiuréia deve ser feito com supervisão médica, pelo risco de depressão da função da medula óssea e infecções. Além disso os usuários não podem engravidar durante seu uso pelo risco de teratogenicidade para o feto. A experiência clínica de 25 anos com esta medicação não revelou aumento da chance de câncer em seus usuárioe e trabalhos recentes sugerem aumento da sobrevida dos pacientes.

    São realizadas transfusões durante exacerbações da anemia. Pacientes com complicações graves, como acidente vascular cerebral, são submetidos a regimes regulares de transfusão sanguínea ou exsanguineo-transfusão, em geral a cada 28 dias. Pacientes neste regime tendem a acumular ferro no organismo (hemossiderose), o que pode ser controlado com o uso de substâncias quelantes. Se o ferro não for adequadamente quelado pode se depositar em órgãos como fígado e coração trazendo outras complicações.

    Durante crises, deve ser administrada hidratação intravenosa e analgesia preferencialmente com opióides. É sugerido que o uso de dolantina, um dos opióides endovenosos, seja evitado, pelo risco maior de dependência.Toda crise dolorosa tem de ser avaliada como prenúncio de complicações graves, como a síndrome torácica aguda. O tratamento deve evitar hiper-hidratação e hiper- sedação e privilegiar a fisioterapia respiratória

    Alimentação e estilo de vida saudável para pessoas com anemia
    falciforme

    Pessoas com anemia falciforme devem seguir uma alimentação saudável. O médico pode sugerir ao paciente tomar ácido fólico (vitamina A) todos os dias para ajudar o corpo a fabricar novas células vermelhas. A pessoa com anemia falciforme também deve beber pelo menos oito copos de água todos os dias, especialmente quando estiver calor. Isso ajudará a prevenir a desidratação.

    O corpo precisa de atividade física regular para se manter saudável. Porém, pessoas com anemia falciforme devem evitar exercícios que as deixem muito cansadas. Deve-se beber bastante líquido ao fazer exercícios físicos. Pacientes com anemia falciforme devem conversar
    com o médico sobre que tipos de exercícios físicos e quantidade
    apropriada.

    Pessoas com anemia falciforme devem ter sono e descanso suficientes. Caso o paciente tenha alguma desordem do sono ele deve procurar tratamento. Pessoas com anemia falciforme também devem evitar ingerir muita bebida alcoólica e não fumar.

    O que devo fazer se meu filho tiver uma crise?

    É preciso procurar atendimento médico imediato sempre que há uma crise. Quando a criança está tendo uma crise dolorosa, mesmo que ela ainda seja muito pequena, a diferença no comportamento será perceptível.

    Uma pessoa em crise sente-se mal e reclama de forte dor de barriga e no peito, dor de cabeça e rigidez no pescoço, além de tontura. A temperatura do corpo sobe e a pessoa transpira, e pés e mãos podem inchar.

    Quais são as opções de tratamento?

    A anemia falciforme é uma doença para a vida toda, mas é possível administrar os sintomas e complicações. Para evitar infecções, a criança terá que tomar uma dose diária de penicilina. Os médicos também receitam suplementação de ácido fólico para ajudar na produção de sangue.

    É possível aliviar a dor com medidas simples como compressas mornas. Analgésicos costumam ser usados, e o médico pode receitar medicamentos mais fortes. Transfusões sanguíneas também podem ser usadas para controlar o quadro.

    O que posso fazer para evitar que meu filho falcêmico fique doente?

    Existem vários fatores e situações que podem deflagrar a deformação dos glóbulos vermelhos, por isso é importante tentar evitá-los. Fazer atividades físicas muito cansativas ou ir para lugares de grande altitude, por exemplo, podem reduzir o suprimento de oxigênio que a criança recebe e provocar uma crise falcêmica.

    O estresse e a depressão também podem deflagrar um episódio. Se a criança precisar de uma cirurgia, a anestesia também pode aumentar a deformação dos  glóbulos vermelhos. Outro fator que causa crises são infecções em geral, tanto bacterianas como virais.

    Tente manter seu filho sempre bem hidratado, e é importante deixá-lo descansar bastante. O ideal é que ele fique sempre aquecido e no seco, e longe de pessoas doentes. A atividade física, no entanto, não deve ser desencorajada.

    TRATAMENTO - RESUMO


    • Suplementação crônica de ácido fólico oral
    • Hidratação e analgésicos
    • Hidroxiuréia para pacientes com crises frequentes
    • Exsanguineotransfusão parcial para as crises vasoclusivas refratárias, 
      síndrome torácica aguda, acidente vascular encefálico ou ataque isquêmico 
      transitório, priapismo
    • Transfusão para as crises hemoliticas ou aplásicas e durante o terceiro 
      trimestre de gravidez
    • Vacinação pneumocócica
    • Aconselhamento genético

    Participantes do Estudo: Débora Walther; Lenise Tayana Passamani; Sara Dall'Alba












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